quinta-feira, 20 de junho de 2013

Poemas que voltam a fazer sentido...

" Inexplicavelmente "

A minha alma chora, muda,

tudo me atormenta,

tudo me afasta para bem longe de ti,

um frio inexplicável,

que nem sei de onde nasceu,

corro para um abismo

que mais parece um sismo, violento, meu,

onde tudo abala, tudo perde o encanto,

e a vida pára por um instante, num canto,

como se o tempo tivesse secado, o meu rio,

num verdadeiro deserto, este o meu...


Debruço-me no tempo,

como campos vazios à espera que o vento

leve este atrofio, que está por um fio, louco,

deste coração que arde de dor, de sufoco,

num verdadeiro motim, que sofre em silêncio,

nesta ilusão sem fim, amordaçada por um lenço,

num sonho que morre assim, à beira mar sentado,

perdido, por simplesmente amar, sem ser amado...


A vida parece uma lança,

num punhal que é mudo e ataca sem aviso, numa dança,

quando os ventos mudam repentinamente

a ferida é grande, tão grande, certamente,

que forma um rio de sangue, talvez virtual,

que nos mata sem morrermos,

que nos afoga sem sofrermos...

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" A voz do meu silêncio "

O silêncio das aves a voar

é como se o tempo parasse,

ai se o vento falasse

nunca mais parava de discursar,

ai o silêncio que nos consome

que não se liberta num grito de dor

nem transborda a raiva,

pois está preso nos confins da alma

em que é o silêncio que fala,

é um estado de espírito da alma

talvez uma paz interior,

que jamais se irá desenhar no exterior...


Ai o silêncio

das noites em branco

imaculadas de encanto

à janela a observar o mundo,

e ao admirar as estrelas do céu

qual não é o meu espanto

quando oiço a voz do silêncio

a voz da minha alma

a voz do meu silêncio...


Ali estava eu sem palavras,

especado a olhar para o céu estrelado

mudo como as flores,

seco como o deserto,

em silêncio para o mundo exterior

ouvindo a voz do meu silêncio

que penetrava na minha mente

como palavras imaculadas e sem som

que me levavam para bem longe, para muito longe,

para um lugar onde as palavras são mudas

onde se sente o Ser, sonhando,

era o silêncio que falava, não falando

era a voz do meu silêncio que ia suspirando...

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“ Lágrimas “

Sentir o brilho nos olhos

é como um abrigo

que nos regala por momentos

que nos enche de alegria

sobe-se, sobe-se tão alto

como uma ave de rapina

selvagem e sem destino...


Sente-se que o interior mexe e remexe,

bem dentro de nós, bem lá no fundo,

tudo parece voar, é um trapézio sem rede,

deixando-nos atordoados, cedemos à emoção,

que é mais forte que nós,

e ela sabe que vence,

quase sempre que lhe damos atenção...


Quando escorre uma lágrima

tenta-se libertar um sorriso, procurar-se a paz,

num amigo, sente-se o tempo parar, por momentos,

sentindo na amizade, um abrigo,

como se dela precisássemos para viver,

de repente tudo faz sentido...

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“ Navegar é preciso “

Quando se pára

queremos arranjar forças

... para lutar e alcançar os sonhos,

tentando procurar as respostas,

às questões do passado, esse que está arquivado

e que transporta aquela dor, ainda não curada,

mas as soluções estão no presente,

sentado à nossa frente …


Navegar é preciso

pois parar pode ser morrer

e olhar para trás

com olhos de dor, é sofrer,

há que saber viver

rejuvenescendo a alma e o espírito

consoante as batalhas da vida

libertando dentro do ser, a alegria,

sentir que navegar é preciso...


Também se deve ancorar

parar no tempo e pensar

porque nem sempre conseguimos

subir a colina da vitória

e nem sempre as forças são justas

para lutar pela memória…


Parar, não martirizar, nem sofrer,

pois isso será matar um pouco de nós,

recuperar o espírito forte

lutar e continuar a caminhar

sempre com os olhos postos

no horizonte na colina da vitória

que queremos todos alcançar

para fazer a nossa própria história...

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